Ferenczi e a educação: desconstruindo a violência desmentida

Ferenczi e a educação: desconstruindo a violência desmentida
Marília Etienne Arreguy (GBPSF); Fernanda Ferreira Montes (GBPSF)
Resumo.
Experiências clínicas e postulados teóricos de Sándor Ferenczi trazem inúmeras contribuições para a Educação. Procuramos articular, neste artigo, duas formas de violência desmentida, uma coletiva e outra estranhamente familiar. Trata-se de duas dimensões fundadas num traumatismo radicalmente desestruturante, posto que resulta na clivagem do eu. Desenvolvemos a hipótese de que a desautorização do sujeito no plano societário pela violência objetiva da exploração pelo capital potencializa a identificação com o agressor e a reprodução de mecanismos incapacitantes na esfera educacional. O traumático da violência atuada entre os sujeitos na escola é sobreposto por uma clivagem introjetada na divisão de classes, especificamente na separação entre o ensino público e privado, bem como no racismo desmentido da s ociedade brasileira. Introjeção e transferência fomentam esse processo. O embate entre os mundos adulto e infantil, com a imposição hierárquica de um saber vertical e hegemônico, costuma irromper como passagem ao ato no plano intersubjetivo. A imbricação i nconsciente desses dois planos de violência clivada deve ser compreendida para que fragilidades narcísicas venham a ser integradas empaticamente no sentir com o outro. A sensibilidade para uma transferência mútua permite ao professor expor corajosamente su as fragilidades diante da hipocrisia sistêmica, promovendo reconhecimento dos sujeitos mais vulneráveis.

 

http://www.revistas.usp.br/estic/article/view/160938/156566

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